Postado em
Cozinha afetiva para pais e filhos
Com o isolamento social, pais e filhos estão passando mais tempo juntos. Essa situação é um prato cheio para estimular bons hábitos, promover aprendizados e cultivar o afeto. Um dos espaços da casa, a cozinha, é o local ideal para deixar o convívio mais saboroso, por meio de brincadeiras gastronômicas, como o preparo de uma receita, o resgate de um prato típico da família ou o compartilhamento de informações sobre alimentação, saúde e até sustentabilidade.
Para mostrar como é possível colocar isso em prática no dia a dia, a nutricionista do Sesc Vila Mariana, Adriana Cruz, reuniu algumas dicas. Veja a seguir e chame todos de casa para colocar a mão na massa!
Higiene das mãos, a primeira lição!
O primeiro aprendizado ao entrar na cozinha é a correta higienização das mãos. Além de ser uma prática importante para o manuseio dos alimentos, ela é fundamental para a nossa saúde, pois manter as mãos limpas contribui para a prevenção de doenças, como a Covid-19. Antes de começar a receita, ensine as crianças a lavar as mãos com água corrente e sabão, sem esquecer das regiões entre os dedos, dorso das mãos, ponta dos dedos e unhas, pulsos e antebraços, como ensina o vídeo disponível aqui. Esse ritual deve ser o ponto de partida para qualquer brincadeira gastronômica!
Amenize as saudades com receitas da família
Com o distanciamento social, as crianças estão afastadas de muitos familiares, como avós, primos e até mesmo pais. Preparar receitas que fazem parte de tradições da família ou saborear alimentos que costumam ser compartilhados na companhia dessas pessoas amadas pode ser uma forma de amenizar as saudades. A ocasião também permite aos adultos relembrar sabores da infância, que agora serão experimentados pelos filhos. Afinal, a alimentação também tem o poder de proporcionar momentos reconfortantes e de nos fazer reviver situações por meio do paladar.
Traga o conteúdo escolar para a cozinha
O aprendizado pode ser muito mais gostoso quando as matérias escolares se tornam parte do preparo de um alimento. A leitura de uma receita permite conhecer novas palavras e favorece a interpretação de texto, por exemplo. Pesos e medidas de ingredientes ajudam a entender a Matemática na prática! E a magia de ver a Ciência acontecendo diante dos nossos olhos, ao presenciar a fermentação de um bolo ou de um pão? Também dá para aprender História e Geografia com receitas regionais, que contenham explicações sobre os locais de origem, os ingredientes típicos e as tradições alimentares.
Coloque em prática receitas para a vida
A participação da criança no preparo das refeições promove a autonomia e a independência. A prática também gera pertencimento e estimula a autoconfiança, já que ela presencia (e saboreia!) o resultado de sua dedicação. A divisão de tarefas permite que ela assuma responsabilidades, vivencie o trabalho em equipe e apreenda a cooperar. Como cada alimento possui um tempo de preparo, cozinhar também ensina a ter paciência e a compreender que todo resultado é parte de um processo. Com a curiosidade estimulada por novos ingredientes e preparos, hábitos mais saudáveis podem ser adquiridos de uma maneira divertida. E o momento da refeição ensina a importância de compartilhar com o próximo.
O alimento sustenta e deve ser sustentável
Quem se envolve com as atividades da cozinha tem a chance de presenciar boa parte dos resíduos que geramos no dia a dia, seja por meio de embalagens, como latas e garrafas, ou restos de alimentos, cascas de legumes e talos de verdura, por exemplo. Assim, vale a pena propor receitas que sejam feitas com ingredientes frescos, adquiridos a granel e que priorizem o aproveitamento integral dos ingredientes. Para isso, vale a pena acompanhar a série de receitas “Sabor sem Desperdício”, que faz parte do programa Mesa Brasil do Sesc. Outro estímulo à sustentabilidade pode acontecer ao lavar a louça, por exemplo. O momento é ideal para ensinar aos pequenos sobre a importância do uso consciente da água e de outros recursos naturais. E que tal adotar uma composteira doméstica para transformar os resíduos orgânicos em adubo natural? A gente te ensina a colocar essa ideia em prática aqui.
Cozinhar é divertido, mas requer organização e segurança
Facas, raladores, forno, fogão, liquidificador e até uma pilha de pratos ou de utensílios no armário podem provocar acidentes na cozinha. O espaço permite brincadeiras deliciosas, mas é importante conversar com as crianças (de todas as idades) sobre as regras e os perigos existentes. Quanto menor a distração, menores serão as chances de alguém se machucar. A supervisão de um adulto é fundamental em todas as etapas do processo.
Ao iniciar uma receita, organize o ambiente e retire do alcance dos pequenos tudo o que pode ser perigoso. Aproveite o preparo para sinalizar quais ações devem ser realizadas por adultos e para promover a segurança neste ambiente da casa.
Nutrir com amor
Mais do que alimentar, é importante nutrir a criança com amor. Lembre-se de envolvê-la na escolha dos ingredientes e dos cardápios, o que também vai aumentar seu repertório de sabores. Ao contar com a criatividade dos pequenos, dá para alcançar uma maior diversidade no prato e conquistar melhores hábitos alimentares. Além disso, os vínculos afetivos se estreitam ao propor o preparo das refeições em família.