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A rua é do artista – Emblues Beer Band em ação
Andando pela Avenida Paulista, passando por saídas de metrô... Quem nunca esbarrou em um artista de rua? E que mundo é este? A EOnline conversou com o “Emblues Beer Band”, que se apresenta no Sesc Interlagos dia 13/9, para saber como a rua recebe os artistas e como os artistas se sentem em relação às ruas
Mas, antes de tudo, quem é o Emblues Beer Band?
Formado por Fábio Véio (trompete), Rafael Pajé (washboard), Juan Jarandilha ( ukulele, cazu e voz), Alberto Moura (contra baixo acústico) e Marcel Moreno (voz e violão), o Emblues Beer Band tem influências de jazz, da escola do circo, do caipira, da poesia e uma influência mais sarcástica também.
E agora com a palavra, Marcel Moreno.
“Emblues é um grupo itinerante, somos de Embu das Artes, onde temos um bloco de carnaval de rua. Como diz Juan Jarandilha, 'em vez de fazermos 4 dias de festa por ano, por que não fazer o ano inteiro?'. De uma brincadeira surgimos. Somos festeiros, adoradores assumidos de cerveja e amantes da música e arte em geral, como costuma dizer nosso tocador de wash (vulgo lava cuecas), Rafael Pajé, Uma vagabundagem fina...”
A seguir, os melhores trechos da entrevista com o músico:
EOnline: Marcel, o que é ser um artista de rua?
Marcel Moreno: Ser artista de rua é compreender que a arte, seja ela qual for, é feita para todos os públicos. Em todas as situações você se depara com qualquer possibilidade, com a magia que só a rua pode trazer. O imprevisto de um sorriso, de uma criança dançando, de olhares curiosos, de chuva, de calor... Proporciona a clareza das diferenças e da democratização. Um universo que está em expansão, um eterno aprendizado.
EOnline: Nas ruas, nas entradas e saídas de metrô é perceptível o aumento de artistas e bandas de rua. Existe um incentivo para este aumento?
M.M.: É perceptível este aumento, um fenômeno, uma explosão, uma tendência futura. Acredito que tenha surgido de dois anos pra cá, onde grupos que se reúnem na rua chamavam a atenção de outros grupos que desenvolveram a mesma ideia. Mas o incentivo nasce do ímpeto de querer fazer, creio que vem do individual e expande para a coletividade, talvez seja esse o fenômeno estruturante.
EOnline: O artista se reconhece neste espaço?
M.M.: Sem dúvidas. Trazemos uma herança do conceito de arte que é elitista. Esta ideia da democratização da arte vem se desenvolvendo, a rua vem nessa contramão, pois se trata de um espaço de todos.
EOnline: Como é a receptividade do público com o artista de rua?
M.M.: A melhor possível. Espanto, alegria, carinho, amor, não temos dúvidas de que a troca é justa. Digo mais: somos muito mais beneficiados com essa troca, recebemos muito mais do que damos, isso não tem preço, só a rua proporciona isso. Conhecemos pessoas, nos tornamos amigos, compartilhamos as mazelas, o calor humano.
EOnline: Existe um movimento que agrega os artistas de rua?
M.M.: Com esse aumento de artistas de rua em suas infinitas variedades, começou um processo inverso do poder público de colocar regras, a exemplo do decreto da Prefeitura de São Paulo para limitar as ações dos artistas nas ruas, que foi combatido - e ainda está sendo - pelos artistas. Foi justamente esse decreto que iniciou um processo coletivo de junção e agregação dos valores dos artistas e valores artísticos, seres politizados que entenderam que a união de fato gera o benefício do bem comum. Temos aí a junção dos artesãos, o movimento das bandas de rua, das estátuas... Enfim, suas diversas variedades. Foi através desta percepção que conseguimos derrubar por terra a proposta do decreto e, em uma articulação coletiva, propor um novo decreto a partir do ponto de vista do artista. Estamos nos organizando.
EOnline: Onde as pessoas podem encontrá-los para ouvir sua música?
M.M.: Podem nos encontrar na web. Ali anunciamos todos os lugares onde estamos, seja na Paulista às 14h de uma segunda ou em locais fechados. Temos vídeos que as pessoas filmam na rua e colaboram conosco postando, isso é bem bacana. É só nos acompanhar que é diversão garantida!