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O Nego Dito ainda vive

Itamar Assumpção
Itamar Assumpção

"Beleléu, Leléu, Eu", primeiro disco de Itamar Assumpção, de 1980, vem com tudo para o palco do Sesc Osasco interpretado pela Banda Tono, acompanhada de Ney Matogrosso (12/9), Filipe Catto (13/9) e  Serena e Anelis Assumpção (12 e 13/9)

No dia 13 de setembro de 2014, Itamar Assumpção (1949 - 2003) completaria 65 anos. Uma coisa é fato: sua música ainda vive, brilha e continua influenciando muita gente. Itamar Assumpção foi um dos mais representativos artistas da vanguarda paulista – movimento cultural que aconteceu na cidade de São Paulo entre o final dos anos 1970 e o começo da década de 1990.

Beleléu, Leléu, Eu, primeiro disco de Itamar, de 1980, deu início aos chamados "registros da vanguarda paulista": álbum repleto de brasilidade e experimentos estéticos. Tropicalismo, samba, funk e rock’n roll como um contraponto às demais manifestações artísticas daquele momento.  

Agora, em 2014, esse álbum é relembrado no palco do Sesc Osasco pelas interpretações da Banda Tono, acompanhada de Ney Matogrosso (12/9), Filipe Catto (13/9) e das filhas de Itamar, Serena e Anelis Assumpção, que se apresentam nos dois dias.

A EOnline conversou com Serena, Anelis e Filipe Catto sobre a relação com Itamar, o álbum, a carreira e o show. A seguir, os melhores trechos:

Serena Assumpção

EOnline: Como foi a escolha dos músicos que fariam as participações especiais no show em homenagem a Itamar?
Serena Assumpção:
Como todas as outras, de todos os outros shows da Caixa Preta (discografia completa de Itamar lançada em 2010 pelo Selo Sesc): puramente afetiva.

EOnline: Qual a relação deles com as composições e a obra de Itamar Assumpção?
S.A:
Todos os convidados e bandas que interpretam os discos no Projeto Caixa Preta têm algum tipo de relação artística com a obra de Itamar, seja por influência estética ou por afinidades pessoais. Com Ney e Filipe acredito que haja um pouco desses dois elementos.

EOline: Fale um pouco sobre a escolha. Por que o 1º álbum para a homenagem?
S.A:
Porque é um álbum atemporal, que conta uma história de determinada realidade brasileira: a de um sujeito pobre e oprimido pelo sistema - do governo, das finanças, da polícia, da política. Nada muito diferente de tantas outras histórias dos tempos contemporâneos. Além disso, é um disco muito rico, musicalmente, com várias matizes de sonoridade e possibilidades de (re)interpretação.

Filipe Catto

EOnline: Como surgiu o convite para esta homenagem a Itamar Assumpção?
Filipe Catto: Foi através da Serena, que me convidou pra participar. Fiquei muito emocionado de fazer parte desta homenagem a um artista que eu admiro imensamente, junto com pessoas tão queridas, tão familiares.

EOnline: Quais canções têm mais relação com o seu fazer musical, e por que? 
F.C: Várias... Tem uma parceria do Itamar com a Alzira E., que se chama "Já que tem que", que parece que foi feita pra mim. Amo "Leonor", "Se eu fiz tudo", "Luzia", "Noite Torta", "Cabelo Duro"...

EOnline: Como começou sua relação com as músicas do artista?
F.C: Eu sempre achei o Itamar uma figuraça, um artista muito curioso, muito autêntico e quando vim morar em São Paulo me vi cercado do universo dele através dos amigos, dos músicos. O Itamar é uma grande influência, e eu cheguei na cidade na época em que estavam lançando a Caixa Preta, então acompanhei este momento bem de perto e pude mergulhar neste universo.

Anelis Assumpção

EOnline: Como a paixão da música do seu pai e a forma que ele prezava as gravações influenciaram na sua carreira?
Anelis Assumpção: Creio que de uma forma natural. Como uma boa influência de convívio. A forma apaixonada dele criar e se relacionar com a música influi para além do óbvio. Tem a ver com postura, amor e troca. É muito bonito.

EOnline: Qual ou quais os álbuns que te emocionam mais?
A.A: Beleléu e Sampa Midnight.

EOnline: Como você enxerga esta nova cena de músicos de São Paulo? Consegue ver e citar influencias da obra do seu pai na carreira de alguns deles?
A.A: Sim, vejo meu pai como referência pra muita gente. Alguns mais sutis, outros mais pela poética, outros pelo discurso, outros por tudo isso. Acho que o Kiko Dinucci é a pessoa mais próxima de mim que carrega essas referências todas.


** Conheça o Box Caixa Preta lançado pelo Selo Sesc:
Caixa com doze CDs de Itamar Assumpção, contendo dez discos de carreira remasterizados lançados entre 1980 e 2004, e dois discos inéditos produzidos a partir de gravações de voz e violão deixadas pelo músico, fechando a trilogia Pretobrás.
Pretobrás II – Maldito Vírgula, produzido por Beto Villares, tem as participações de Elza Soares, Arnaldo Antunes, Seu Jorge, entre outros. Pretobrás III – Devia Ser Proibido, produzido por Paulo Lepetit, conta com as participações especiais da Banda Isca de Polícia, Naná Vasconcelos, Zélia Duncan e Ney Matogrosso, entre outros.